Lina
No banco moldura, grafitado, o garoto, não um garoto qualquer, era gente e gente nunca é qualquer, gente sonha. Quase deitado, levemente curvado, querendo caber no comprimento do banco que insistia em ser pequeno, os pés descalços revelavam as marcas das ruas, morada do dia. Vestia um parelho de roupas estampadas talvez marcadas com bebida derramada. Uma brisa movia suavemente as folhas das árvores e das plantas, mas não movia seus cabelos crespos, que não eram podados, molhados e cuidados como as plantas da praça.
De repente... um arrepio. Medo? Talvez. Medo das árvores sem fruto, do banco sem cor, da grama pisada e do frio, que frio! Melhor dormir sob a guarda da lâmpada curvada, ao som do silêncio da cidade.
A noite traz medo, arrepios e esquecimento. O sono foi chegando como um amigo distante, dominando o garoto e conduzindo-o a um mundo diferente daquela praça...