Bem vindo!

Escrever é criar,
Ler é reinventar.
Nesse blog voce só pode ler reinventando,
E somente pode comentar criando.
Dê asas à sua linguagem,
Faça trovas, canção, poemas,
escreva como se estivesse em um campo,
Livre para andar ou correr...

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Lina
No banco moldura, grafitado, o garoto, não um garoto qualquer, era gente e gente nunca é qualquer, gente sonha. Quase deitado, levemente curvado, querendo caber no comprimento do banco que insistia em ser pequeno, os pés descalços revelavam as marcas das ruas, morada do dia.
Vestia um parelho de roupas estampadas talvez marcadas com bebida derramada. Uma  brisa movia suavemente as folhas das árvores e das plantas, mas não movia seus cabelos crespos, que não eram podados, molhados e cuidados como as plantas da praça.
De repente... um arrepio. Medo? Talvez. Medo das árvores sem fruto, do banco sem cor, da grama pisada e do frio, que frio! Melhor dormir sob a guarda da lâmpada curvada, ao som do silêncio da cidade.
A noite traz medo, arrepios e esquecimento. O sono foi chegando como um amigo distante, dominando o garoto e conduzindo-o a um mundo diferente daquela praça...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Continuando...

Em um desses bancos, tão acinzentados que somente se percebia quando o corpo cansado pedia assento,  perto de um gramado pisado e cercado das árvores e plantas, aproximou-se um garoto... pálido, segurando um pedaço de manta, assustado, talvez cansado, pois viu o banco.
A Terra já havia se despedido do sol. Ele já cumprira seu destino diário de clarear e aquecer o planeta neste lado do mundo. Anoitecia e as luzes da cidade brincavam de faz de conta de que o dia se escondia em algum lugar, ao menos na praça onde estava o garoto no banco acinzentando.
Devagar o barulho do movimento dos carros e das gentes se distanciava da praça. Somente as vozes da noite se faziam ouvir, sons da insônia da cidade... uma lata rolando no chão nas patas do cão sem dono, a coruja, o riso fora de lugar e os passos ligeiros e assustados de alguém fora de hora, ouviu-se o silêncio... silêncio de cidade, somente o garoto mexendo-se no banco da praça, vigiado pela luz encurvada.

Sonhar...

Em uma praça, uma praça qualquer no centro de uma grande cidade, havia árvores daquelas que não dão frutos, plantas daquelas que não dão flores, árvores e plantas de praças de cidades, meio verde-acinzentadas.
No centro da praça, bem no centro, um gramado pisado, sem placas, com marcas, com coisas, caídas, jogadas. Sem dúvida, uma praça qualquer...
Nela havia bancos de cimento, também acinzentados, com pontas arredondadas, mas quebradas, bancos grafite e grafitados, arte urbana em telas de cimento e emolduradas com cantos quebrados. Uma luz que não aquecia dobrava-se sobre o banco pra que não se sentisse tão sem cor.
Lina